segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Devo-te a vida III




Na realidade, ninguem fica igual após passar pelas fileiras operacionais do Exercito.
Tanto a nivel psicologico como a nivel comportamental o individuo nao concegue integrar-se na sociedade como outra pessoa qualquer o conceguiria.
As pessoas cá fora só fazem dois tipos de perguntas; parvas ou muito parvas.
- Andas a lutar na guerra dos outros, achas que és o quê? heroi? ou assacino?
Tive de dar uma passa muito calma no cigarro, e deitar-lhe o fumo para a cara e depois dizer:
- Não, nao somos assacinos, somos soldados.
E só aqueles que por lá passaram percebem isso, só eles percebem porque é que o diabo marcha conosco, é ao recordar esses momentos que as lagrimas vêm aos olhos, e ai, a garganta debita, mas as vezes é bom lavar a alma.
um gajo fecha-se (porque nao ha a minima identificação com as pessoas), e os amigos contam-se pelos dedos.
Na maioria dos casos os antigos militares depois de sair do exercito procuram trabalhos de segurança e afins, tantando dar continuaidade á acção que os envolvia, ou á espera que adrenalina seja bombeada da mesma forma que era outrora. Dado que se andou num patamar que está muito, mas muito acima, do comum dos mortais o individuo nao se concegue integrar em qualquer uma area profissional. Ninguém precisa de ir para a tropa para ser homem, mas muitos homens só se descobrem na tropa. Eu nunca conheci, lá Rambos, lembro-me sim de lá ver homens, com uma força mental enorme e isso é o mais imporatante porque é sempre a primeira a estoirar.
No que me diz respeito, (so posso falar por mim) e assumo-o sem problemas, considero-me apto para viver em sociedade, mas estou consciente que continuo diferente do comum dos homens : constituir familia, trabalhar num ambiente fechado tipo num escritorio ou numa fabrica, passear a familia aos fins-de-semana, têr um peixinho no aquario...nao é para mim !
Tenho aspiraçoes bem diferentes dos "homens comuns" : comprar uma quinta, ou entao ir viver para uma ilha, bem afastada da civilizaçao consumista e matrialisa e assim passar o resto da vida ao ritmo da natureza e sobretudo em liberdade ... e esforço-me para que um dia possa ser assim (e sem chatear ninguem) ... um dia !

"Um homem pode fazer muitas coisas com a mãos, plantar uma arvore, escrever um livro, contruir uma casa, mudar a fralda a um filho, uma coisa é certa as suas maos nunca esqueceram o peso da sua arma" Jarhead

A tropa esquece o soldado mas o soldado nunca esquece a tropa.


Rik

3 comentários:

  1. Tendo vivido circunstâncias muito especiais durante a minha vida militar, posso comprovar o que dizes, em absoluto.
    E há marcas que não desaparecem com o tempo, como a que referi no meu recente post de 21 do corrente.
    Abraço.

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  2. Pinguim
    Ainda bem que você percebe do que falo. Normalmente as pessoas, permanecem caladas, ou então dizem um ou outro comentario "desageitado" quando se fala nestas coisas... mas bom.

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  3. Apesar de nunca ter ido a tropa tento compreender o que escreves qui sobre isso.
    Gostei de ler.
    Beijo

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