sábado, 28 de maio de 2011

Live forever!


Still Life: An Allegory of the Vanities of Human Life - Harmen Steenwijk

Ouvi em tempos alguém contar certa história sobre a guerra e sobre como um comandante exortava os seus homens a avançarem com ele em direcção à frente de combate. Usava a seguinte frase: "Que se passa convosco? Querem viver para sempre?" Tinha razão: ninguém vive para sempre... mas gostaria de viver o maior tempo possível. É assim que pensa quase toda a gente, por certo. A morte é o fim da vida, desta vida...

As tartarugas vivem centenas de anos; os cães uma dúzia deles; as moscas algumas semanas apenas. Cada ser vivo tem uma esperança de vida mais ou menos fixa e salvo imprevisto, cumpre-a. No entanto, imprevistos à parte, não há espécie em que a duração do tempo de vida seja tão heterogénea como o ser humano. Quanto tempo devemos viver? Enquanto o corpo aguentar? Enquanto a mente estiver sã? 60 anos? 70, 80 ou 100 anos?

E depois é olharmos para os velhos sentados a verem o tempo passar, a jogarem às cartas, a viajarem em excursões, a verem a sua mente a esvair-se ou, pior, a assistirem lúcidos à traição do seu corpo. Falam constantemente do passado porque já não conseguem viver o presente. Para alguns há tanta coisa para fazer e para aprender que o tempo parece não chegar - quanto mais alto se sobe mais a vista alcança; outros julgam que já aprenderam tudo e passam o resto da vida a falar das mesmas coisas, de coisas que já lá vão. Sei bem o que digo.

Nas culturas não ocidentais a morte sempre fez parte da vida e por isso sempre foi encarada de um modo diferente. Para os Samurais, por exemplo, morrer em combate era um fim sublime - acabar no apogeu da vida, na perfeição; evitar o espectáculo triste do atleta em fim de carreira que se arrasta até mais não poder para acabar numa retirada humilhante. E, sendo assim, já que sabemos que não vivemos para sempre, como os Deuses, porque não podemos escolher quanto tempo queremos viver? Feitas as contas, se calhar a esperança média de vida não sairia muito diferente...

As lucubrações fantasiosas que me levaram a escrever este post ocorreram-me ao ouvir
The Queen - Who wants to live forever? como diria Bocage, me senti mais pachorrento...

1 comentário:

  1. E não é que me puseste a pensar num assunto, que por comodismo, procuro afastar da minha mente: a morte!
    Mas afinal, por vezes, até faz bem...

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