quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ainda sobre os Felinos



Não se trata de um "endeusamento" dos gatos. Pelo contrário. O eco que transita, sem perder força, é o da subserviência por parte deles. Os cínicos e misteriosos felinos estariam ao nosso serviço por serem meros existencialistas? Os revestidos por uma terna pelagem estariam propensos à obediência? A máxima “dar para receber” faz-nos duvidar, destes seres egoistas mas que não deixamos nunca de amar. Estabelecemos uma relação afetiva, supostamente, mútua. Até o mais cético reconheceria a correspondência por parte deles. Romantistas de noites mal dormidas romperiam com esse mito.
Domesticados, são autenticos poetas que sem expreção facial que observam tudo e todos com o maximo de atenção, são tratados, cuidados, bajulados, e retribuem com desprezo. Felinos são enigmáticos. Divertidos. Por mais equivocado que pareça, não nos dão a mínima bola.
No ínfimo dos cuidadosos e flexíveis rastros, sustentam um detalhado e minucioso estudo sobre a raça humana. E, por vezes, percebo que manifestam uma sensação de perda de tempo. Como se a humanidade fosse um objeto trivial, pífio, fútil, banal, ordinário, vulgar, medíocre – e mais alguns adjetivos refletores da raça humana que nao vou perder tempo em mencionar.
Nossas ciências positivistas, vãs filosofias, artes subjetivas e literaturas líricas devem ser, para eles, uma piada de mal gosto. São inteligentes de mais para perderem tempo com coisas vãs! Às vezes, entre meia e cheia tijela de chá, observo um deles a desatar uma bola de lã. No entanto, acredito que o traiçoeiro está a estruturar uma nova teoria que nos possa ultrapassar, de proporções que Freud com a boca aberta. Algumas bibliotecas empregam gatos. Em troca de ração, eles respeitam o silêncio e atribuem um teor lúdico ao estabelecimento.Exótico: os cautelosos e introspectivos felinos vagueando pelas estantes de livros, recebendo uma ou outra carícia dos leitores.
Termino por aqui a minha opinião sobre estes seres tão inspiradores!

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